IFMA Campus Araioses promoveu debates sobre situação política do Brasil

Durante a greve dos caminhoneiros nas últimas semanas, o Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus Araioses desenvolveu uma série de… [ ]

6 de junho de 2018

Durante a greve dos caminhoneiros nas últimas semanas, o Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus Araioses desenvolveu uma série de projetos intitulados “Carga pesada do golpe”, que tiveram como objetivo discutir o momento sócio-político-econômico brasileiro. A ação, que teve como público-alvo estudantes dos cursos técnicos em Administração e Meio Ambiente, bem como de outras instituições da região, foi composta por rodas de conversa, momentos culturais e palestras abertas a toda a comunidade, e culminou com uma passeata dos estudantes pelas ruas da cidade em Defesa da Democracia.

Nas tardes dos dias 28 a 30 de maio, os estudantes participaram de três mesas redondas com os seguintes temas:

  • Sistema Tributário Nacional e a nova política de preços da Petrobrás – formada pelos professores Liana Reis (Contabilidade/IFMA), Franck Lima (Educação Física/IFMA) e Rafael Ciarlini (Direito/IFMA), o tema provocou reflexões sobre a paralisação dos caminhoneiros, a existência do locaute (greve com interesse patronal) e os pedidos por intervenção militar vistos em ambientes virtuais e nas ruas;
  • A regulamentação dos meios de comunicação para cumprir a Constituição Federal – conduzido pelos professores Ciarlini, João Paulo Rebouças (Engenharia Ambiental/IFMA) e Rozinete Pereira (Comunicação/IFMA), o tema provocou muitos questionamentos a respeito do papel da mídia e acusações de manipulação da sociedade. Durante a mesa-redonda, o diretor-geral do Campus Araioses, Raimundo Pinho, compartilhou com o público como era a vida na Ditadura Militar. “Tive peças teatrais de minha autoria que foram censuradas, proibidas”. No final da tarde, foi feita uma explanação sobre a história do movimento estudantil e a importância dos grêmios estudantis na vida política do Brasil.
  • O direito à rebelião tributária – partindo de uma pergunta simples – por que a população sofre tanto com tributos, sem receber seus benefícios? O professor Ciarlini falou sobre “desobediência civil” e “objeção de consciência”, termos jurídicos que costumam ser usados para justificar a chamada “rebelião tributária”. Autor do projeto “A carga pesada do Golpe”, Ciarlini já realizou em 2017 um ciclo de palestras jurídicas, onde debateu com a comunidade araiosense temas como as Reformas tributária, política, trabalhista e eleitoral, Discurso de ódio, Lawfare (Justiça para perseguir inimigos), Discurso Jurídico e político do juiz Sérgio Moro, denúncias contra Michel Temer e as contradições da Operação Lava Jato.

Na terça-feira (29), jovens araiosenses que estudam História, Letras, Direito, Ciências Sociais, Pedagogia, Administração e Ciências Contábeis em Parnaíba/PI se uniram aos estudantes de nível médio do IFMA e das escolas estaduais locais para estudar a República a partir de textos de Rui Barbosa por meio de uma Ágora – como faziam os cidadãos na Grécia Antiga. Os antigos gregos formavam uma roda em praça pública (ágora) para discutir, conjuntamente, os assuntos da cidade (pólis) em assembleias populares, de onde se originaram as expressões “Política” e “Democracia” que usamos hoje.

Na tarde do dia 30, o projeto foi encerrado com as palestras “Mídia: diferença entre democratização e censura” (Rozinete Pereira/Comunicação) e “Justiçamento e a política de combate à corrupção” (Rafael Ciarlini/Direito).

 

Caminhada pela Democracia – Na quarta-feira (30/05) pela manhã, os estudantes do IFMA e de outras instituições se concentraram na sede do Campus Araioses para sair pelas ruas da cidade com cartazes, faixas, apitos e músicas de protesto contra a atual situação política e econômica do Brasil. Durante o trajeto de cerca de 10km, o grupo foi crescendo com a adesão de estudantes das Unidades Estaduais Humberto de Campos, José Tudes, Gonçalves Dias e Ateneu São José. Estudantes e docentes de outras instituições também queriam dizer “Não” aos pedidos de Intervenção Militar, protestar contra as reformas e mudanças feitas pelo Governo Federal e defender a Democracia.

Para a aluna do curso técnico em Administração, Ana Alícia Barroso, a passeata dos estudantes é apenas o início de um movimento que vai se espalhar por Araioses. “Saiam de casa, procurem saber seus direitos. Se eu continuar calada, dentro de casa, nunca vou poder ter meus direitos. Se eu continuar ouvindo más informações, nunca vou saber o que realmente está acontecendo no país. Ficar ouvindo mimimi não vai mudar a política, não vai mudar o Brasil”, diz a estudante, que liderou o movimento estudantil do IFMA e visitou as escolas estaduais na companhia de outros alunos do IFMA.

“Se a gente não lutar a gente não vai ser visto, se ficarmos calados, eles vão continuar pisoteando nossos direitos, continuar fazendo o que bem entendem com o nosso país, e quem sofre as consequências somos nós que somos da classe baixa. Hoje a gente plantou uma sementinha, nós jovens somos a revolução”, discursa o estudante do curso técnico em Meio Ambiente, Lucas Marques.

Após três dias de participação intensa nos projetos de Extensão e na caminhada estudantil, o acadêmico de História Lázaro Santos concluiu que o papel da juventude é abrir caminhos para a sociedade na busca por direitos. “Como estudante, a gente não é só o futuro, é também a garantia do presente do país. A gente tem de estar à frente dessas mobilizações”, diz Lázaro que acredita que o IFMA está fazendo a diferença no futuro de Araioses: “Nesse momento conturbado de medo e insegurança no país, o IFMA nos proporcionou nesses três dias a oportunidade de dialogar e discutir nossos problemas como nunca tivemos aqui em Araioses. A chegada do Instituto aqui representa um momento novo, em que a juventude se sente abraçada e passa a ter perspectiva de futuro, com uma educação de qualidade. Só temos a agradecer!”, diz o estudante.

Para o diretor Pinho, o campus cumpre sua missão institucional no atual momento histórico: “Nós estamos juntos com os alunos. A iniciativa de fazer essa reflexão foi deles e nós não podíamos nos furtar de estar aqui, lutando em defesa da Democracia”, concluiu.