Cinco especialistas dos Estados Unidos, Canadá e Dinamarca, cujos estudos propiciaram medicamentos para combater a diabetes e a obesidade, como o Ozempic, foram agraciados nesta quarta-feira na Espanha com o Prêmio Princesa de Astúrias de Pesquisa Científica.
“As investigações dos cientistas premiados estabeleceram as bases endócrinas da diabetes e da obesidade, patologias proeminentes que são um problema global de saúde pública sem tratamento eficaz até o momento”, segundo o júri do prêmio, concedido pela Fundação Princesa de Astúrias, herdeira do trono espanhol.
Tratam-se dos pesquisadores norte-americanos Jeffrey Friedman, Joel Habener, Svetlana Mojsov (também com nacionalidade macedônia), o canadense Daniel Drucker e o dinamarquês Jens Juul Holst, que estiveram por trás do “grande avanço no tratamento da diabetes tipo 2” dos últimos anos, segundo nota de imprensa da fundação.
Famosas aderem ao ‘Ozempic’
Esse avanço foi possível graças ao uso da semaglutida, uma substância que “desempenha um papel de contrapeso da insulina no equilíbrio do açúcar no sangue”, segundo o texto.
Tendo-a como princípio ativo, o Ozempic tem sido muito eficaz na luta contra a diabetes. Mas a semaglutida também atua como um forte supressor do apetite, “o que tornou o Ozempic um sucesso” para tratar a obesidade, acrescentou.
Debate sobre os efeitos colaterais
O Ozempic é fabricado pela farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk, que, em parte graças a esse medicamento e outro com efeitos de emagrecimento, o Wegovy, tornou-se a maior empresa europeia cotada.
Apesar de sua crescente popularidade, esses medicamentos para emagrecer geraram debate por seus possíveis efeitos colaterais, como problemas gastrointestinais graves, segundo um estudo publicado no ano passado na revista Journal of the American Medical Association (JAMA).
Os cientistas Drucker, Habener, Holst e Mojsov trabalharam desde os anos setenta em seus diferentes laboratórios em estudos que permitiram descobrir as propriedades da semaglutida.
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A Friedman, por sua vez, é atribuído o descobrimento de um hormônio, a leptina, que “atua sobre a região cerebral que controla o apetite”, também essencial no combate à obesidade, segundo a fundação.
Os avanços dos cientistas “estão melhorando a qualidade de vida de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo”, comemorou a fundação. Em um comunicado divulgado pela fundação, Drucker e Holst agradeceram o prêmio, que distingue “a importância de [sua] descoberta”.
Penúltimo prêmio do ciclo
O prêmio de Pesquisa Científica e Técnica é o sétimo dos oito prêmios desta edição, considerados os mais prestigiosos do mundo ibero-americano, que anualmente são concedidos pela Fundação Princesa de Astúrias. Instituídos em 1981, são dotados de 50.000 euros (cerca de 54.000 dólares) e uma escultura criada pelo falecido artista catalão Joan Miró.
No ano passado, nesta categoria, o reconhecimento foi para os biólogos norte-americanos Bonnie Bassler, Jeffrey Gordon e Peter Greenberg, por seus estudos contra as bactérias resistentes.
Em outras edições, também foram premiados os cientistas responsáveis pela descoberta do RNA mensageiro, que permitiu desenvolver em tempo recorde várias vacinas contra a covid-19, ou matemáticos promotores do processamento matemático de dados.
Este ano, os prêmios já anunciados foram o Princesa de Astúrias das Artes, que foi para o cantor espanhol Joan Manuel Serrat, o de Humanidades, que distinguiu a artista franco-iraniana Marjane Satrapi, e o de Esportes, para a jogadora espanhola de badminton Carolina Marín.
Também foram anunciados o de Ciências Sociais, concedido ao intelectual e ex-político canadense Michael Ignatieff, o de Letras, ganho pela poeta romena Ana Blandiana, e na semana passada o de Cooperação Internacional, obtido pela Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Em 12 de junho, os anúncios desta edição serão concluídos com a decisão do Prêmio Princesa de Astúrias da Concórdia.
Os prêmios, que recebem o nome do título da herdeira ao trono da Coroa espanhola, a princesa Leonor, são entregues pelos reis Felipe e Letizia, normalmente acompanhados por suas filhas, em outubro, em uma cerimônia em Oviedo, capital das Astúrias.
via: O Globo
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